quando o bicho pega, o que te conforta?
tinha preparado um outro texto, mas faltou ma adequação ao contexto que vivemos hoje. senti que estava deslocado demais da nossa realidade brasileira, incerta, por um fio. queria falar de calma e esperança, do poder oculto do campo vibracional que emanamos quando intencionamos com fervor, mas não. o que senti nessa semana foi uma grande anestesia mesmo. não me surpreende que minha menstruação ter chegado antes, 4 dias para ser mais precisa. acho que foi uma forma que meu corpo encontrou para esvaziar suas tristezas e começar mais limpo a caminhada de energia libriana neste mês. quando sinto assim, a única coisa que salva não é (só) o yoga, mas sim as canções que movimentam meus caminhos internos.
particularmente sinto que cantar é uma forma de resistir e acreditar. quando canto, aterro, verifico os medidores internos de sensações. se estou triste, ponho música pra chorar e lavar; cansei de querer mudar o estado em que me encontro, sabe? parei de ver problema em sentir coisa ruim de vez em quando, faz parte. e percebo que ao longo dos anos essa prática me foi muito mais libertadora frente à cultura yógica de equanimidade e negação da afetação. sou humana e não tenho qualquer ambição de ser Buda. agora só quero ser espiritual se também puder ser profano, provocador e, sobretudo, feminino.
quando muito desmotivada trago músicas de raíz africana, sinto que movimentam os chakras básicos, muladhara e svadisthana, liberam a estagnação do corpo que em linhas gerais circula pela região pélvica. quando muito agitada trago mantras e canções da medicina feminina, que cantam para grande Mãe terra. entendi que o processo de permanecer calma em tempos de fúria tem menos a ver com a dualidade pode/não pode e mais com o nível de autoconhecimento e portanto, autorregulação que conseguimos empreender. música para curar. canto para soltar. yoga para limpar. pé na terra para nutrir. essas são algumas das ferramentas que tenho disponíveis no momento, quando uso-as, aprendo comigo mesma que posso ser minha própria mãe, cuidando e reprogramando da minha memória neurológica. dançar em assoalho seguro ou arrastar-se pela lama, a mulher que se conhece, olha as fases pelas quais atravessa e confia que consigo, lá bem dentro d'alma, ela é tudo que precisa ser para si mesma.
e por aí, meu brasil, como estão as ativações terapêuticas? com Amor, Aninha
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