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eu, as listas e a sabotagem

Oi sumida, tudo bem? Não existe um melhor retrato da minha mente do que acabou de acontecer. Na semana em que fiz essa promessa de voltar aqui com bastante frequência fiz isso:


Sentei, separei as melhoooreees dycas do mundo digital, criei metas diárias,

criei um cronograma para minha semana seguinte e olha… tinha muita coisa ali.

gif by @LibbyVanderPloeg


Basicamente uma tácita afirmação do desejo ser uma máquina frenética.

Essa é a minha questão: insisto em fazer listas que me desanimam ou invés de listas que me servem. Mais uma estratégia maravilhosa para auto sabotagem? Nós temos por aqui! Listas que me façam sentir que estou em um mar no qual remo em desespero e não saio do lugar.


Parece que mudei de estado em busca de uma vida mais tranquila, mas trouxe comigo a viciante satisfação de super produzir para me sentir inteira. Por fora pareço tão bonitinha e sob controle, mas por dentro, minha querida, você não imagina a rainha fundadora do país da sabotagem, que sou eu;


Tão rígida e inflexível que tem dias que até eu mesma me evito.


O processo se dá mais ou menos de forma similar, repare e anote: isso também te atravessa?


Desatino a olhar para fora, tentando integrar todas as informações sobre como fazer isso ou aquilo, e aí, logo de início, já vem aquela sensação de nunca ser suficientemente boa, ou estar "certa". Fico achando que qualquer que seja a decisão em frente, ela será insuficiente.



É que nem quando digo que gostaria de ser uma grandíssima ceramista, sinceramente, nunca nem fiz aula de cerâmica, nunca coloquei em prática para ver no que dava. Mas para quê sonhar com as coisas que queremos realmente praticar e alcançar?


Vamos sonhar com o impossível, desviando a mente do que realmente interessa!

Acho que o que estou querendo dizer é que em menos de um mês de existência desse blog (ou berço das minhas viagens em forma de palavras) eu já declarei meu fracasso. Fiz logo antes que alguém apontasse que fracassei, assim pelo menos me adiantaria em estar certa DESSA vez. Não tive tempo de esperar o tempo das coisas, logo eu, que venho aqui falar sobre valorização da vida consciente.


Assim, enlouqueço ao pensar: "sou uma farsa, a quem procuro enganar?". Meu tom comigo mesma é sempre uma delícia, desse jeitinho suave que acabo de descrever. Organizar melhor, viver e entender como lapidar o que vou enfrentando? Não! Vamos ensinar uma coisa e fazer outra, afinal, quem nunca? E claro, essas reafirmações e atravessamentos do regime militar que instalei em meu peito, vem assim bem sorrateiras, pois o medo invade pelas beiradas.



Sempre achei exagero da minha mãe quando me chamava de teimosa, mas acho que ela tem razão.Eu demoro mesmo para incorporar as coisas. São muitos questionamentos internos, um pique mental infinito que até minha terapeuta "fica de autos" vez em quando.




A auto pesquisa traz claridade, sim, mas com ela também encontro das paredes.

As mesmas "god damned" paredes. Tem fases que parecem menores, mas quase sempre estão firmes. E o pior: ao redor de cada um desses muros há uma membrana fina que cobre e disfarça o que eu acho feio de mostrar. Dessa forma, ficam menos nítidos os obstáculos. E eu prossigo no ruído interno: qual matéria constitui essa membrana? Vergonha? Aversão a vulnerabilidade? Anseio demasiado pelo futuro? Todas as opções anteriores? Vixe, lá vamos nós novamente...



gif by @LibbyVanderPloeg


Dizem que a subida é em espiral, nunca voltados ao ponto anterior. Mas às vezes tens uns ciclos que me parecem bem longos. Na tentativa de caminhar com esse projeto e com a vida, tenho oscilado bastante. Em geral entre me achar o último Passatempo do pacote, pensando que serei descoberta em um "shopping mall" e ganharei milhões, e dar ouvidos a maldita teimosia da desistência.


Na verdade, ambos são subprodutos de uma mesma equação: viver demais na cabeça, confiar demais nas suas projeções e cenários virtuais.

Para materializar é preciso agir com o estômago e não com o cérebro. Fazer a alma do projeto ser feita de experimentação, incansável e continuamente acreditando no seu poder pessoal e na existência de reajustes. Enquanto a epopéia mental diária de Ana Carolina acontece, interrompo a mim mesma e pergunto: "quem está dirigindo o show?" A fada madrinha ou a madrasta?


Apesar de menos invasiva, minha madrasta ainda abriga em sua casa suas filhas favoritas: teimosia, insegurança e escassez. Todas juntinhas, em círculos, jantando e planejando o próximo apagão.


Você sabe do que são formados os apagões. São esses períodos de desconexão total com as coisas. Você basicamente vira uma batata ambulante, que frita e assiste Netflix, todo o resto fica suspenso e embaçado.




Dentro da minha própria psique ao menos nunca falho em perceber: só eu posso me oferecer resgate, então é melhor que o faça o quanto antes e, de preferência com amor.




Parece até bobinho quando transformo esses duros reflexos em palavras, mas antes das palavras existem sensações, sentimentos, escuta, silêncio e outros infinitos processos. Quando tudo cessa, fica só a resiliência para convencer a madrasta que ela pode ser mãe boa pela cen-té-sima vez. Essa é, genuinamente, a capacidade de negociação consigo mesma, nada mais. Como ser brutalmente honesta para saber "até onde puxo e até onde abraço?" Como posso ser mãe boa e mãe firme comigo mesma?

Como posso relembrar mais rápido na próxima vez?."


Jogando perguntas ao vento e não respondendo quase nenhuma, esse é o lema do geminiana apressada. Mas sinto que a cada retomada, a cada momento em que eu “não estiver envergonhada” de fazer do meu jeito, imperfeito e como dá, serão os antídotos para esse fogo destrutivo.


Uma espécie de banho refrescante para apagar o fogo clandestino que alimenta as punições da madrasta. Reconhecer não significa chegar lá, mas se já faz parte da trilha e nesse AGORA precisa ser suficiente.



gif by @LibbyVanderPloeg


Nas próximos textos vou contar como e porque mudei minha forma de olhar para a vida, quando transformei o que colocava no meu prato.

Obrigada por me ler até aqui, sempre.


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