inspirações da última lua
Semana passada o céu ficou escuro e a noite mais comprida. Lua nova reinou em seu apse no céu e para mim esse sempre é um momento de introspecção profunda, definitivamente a fase lunar que mais amo.
Sempre me preparo para um dia mais devagar, deixo as horas correrem como se estivéssemos em um tempo diferente, encontro espaço para contemplação, não importa o quão corrido esteja meu dia.
Uma das minha atividades favoritas nesse momento é ler e escrever. Sinto as palavras correndo com imensa facilidade desde meu coração, sinto a mente mais receptiva para escutar o que a alma tem para dizer.
Geralmente sou tão tão agitada e comprometida com meus afazeres que me perceber assim, diferente, feminina e madura, me traz um imenso orgulho. Observo-me saindo consciente do meu eu tagarela para abarcar meu eu mais sábio, que sabe que podemos igualmente questionar e silenciar.
Nessa última sexta-feira estive na casa do meu pai, que se mudou para serra em busca de uma vida mais simples e conectada também. Tem tempo venho brigando e batendo de frente com ele e nossos paradigmas mas no tempo que compartilhamos juntos lembrei da importância do perdão.
Lembrei que não preciso mais das validações de pai e mãe para saber o que quero e que nem precisamos concordar em tudo e nos comportarmos de maneira simbiótica para permitir que nos amemos profundo. Entender que nossos pais fizeram o seu melhor e o que "me falta" posso buscar em outros lugares, por mim mesma, em nome do meu crescimento pessoal, foi libertador. E esta prática é um exercício constante.
Claro, na experiência é muito mais difícil, pois existe apego e outros sentimentos teimosos que nos prendem, mas sinto que reconhecer já é um grande espaço de auto-observação e portanto, avanço da caminhada individual.
Compartilho aqui com vocês, um poema que escrevi de forma livre na última lua nova. Inspirado nas tantas formas que podemos amar e cuidar dos outros, cuidando de nós mesmos primeiro.
Transformador é o ardor,
de reconhecer o amor Arde porque restaura Restaura e reascende
A verdade é que aqui viemos para aprender Se quisermos escutar Ouvir em humildade
Sem pensar no que responder
Tão grande e potente o mistério mais presente: entender que somos todos
partículas da fagulha cósmica
que é amar
Amor divino, amor encarnado Amor profano, amor que dança silencia e cansa
Enfim, tantas formas de amar
Para aprender de novo a nadar Mergulhar e voltar à superfície Diferentes; molhados
Uma grande viagem que nos faz sacar: somos grandes porque viemos pequenos mas nunca cansamos de nadar
Modestos diante da força Resilientes perante ao fogo Presentes para ouvir Escancarados sobre arte
que é saber Amar
Comentários